O povo de Bali

Ideias sobre um povo.

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10/12/20232 min read

women in traditional dress with flower pots on head during daytime
women in traditional dress with flower pots on head during daytime

Vejo o mundo como você. O mundo, as pessoas, a vida, os animais, as árvores, o toque, o olhar. Mas, como você provavelmente vê o mundo de longe por estar no mesmo lugar, talvez a diferença entre nós seja que eu tento ver o mundo um pouco mais de perto. Uma sutil diferença. Nossos olhares, com isso, podem divergir, afinal, as fotos não são a existência física, material.

E, quando penso nas nossas visões de mundo, penso muito nas pessoas. Os seres humanos sempre se agrupam por compartilharem uma visão similar ou interesses comuns, lembro de Bali. Sim, lembro do povo de Bali. Não aquele grupo da Tailândia, mas uma leva de estrangeiros que decidiu ir para países da Ásia buscando uma vida mais econômica e aproveitar um pouco mais do sol quase inexistente em um inverno europeu. Entendemos que deve ser muito bom ter essa experiência. Poderíamos chamar de um congresso global de nômades. Se existir isso, a ideia não é minha, pois Bali provavelmente representa esse conceito.

O ponto é que, com grandes deslocamentos demográficos, tudo é impactado. Uma inflação de preços, desde habitação até transporte, ocorre. Mesmo na Europa, isso já se observa desde 2020. Em Portugal, país com uma política de recepção de nômades digitais, acabou por permitir certos benefícios fiscais que os próprios cidadãos portugueses não têm. O mundo é competitivo, as pessoas migram, trabalham, escolhem, tomam decisões estratégicas. Mas, em meio a toda essa competição, o nomadismo também traz danos às sociedades locais.

O salário mensal de 3000 EUR que um europeu recebe representa uma riqueza de anos para países como a Índia e o Camboja. Falo isso porque eu mesmo já encontrei quartos para alugar por 50 dólares no Camboja. Não é difícil, e considerando o salário mínimo na Índia, uma boa parcela do povo indiano recebe  em torno de 100 dólares por mês em cidades do interior. Na Tailândia, falamos de 300 dólares mensais, ou seja, o povo de Bali consegue ter uma vida bem tranquila ainda que desigual.

Isso representa uma realidade que deve estar ainda mais presente no mundo do século XXI: o aumento das desigualdades causadas por agentes estrangeiros. Isso é resultado de um processo dos últimos 10 anos, mas que teve a pandemia como a grande locomotiva para tudo isso. A continuar.